Estima-se que o tório seja entre três a quatro vezes mais abundante na crosta
terrestre que o urânio, e tem também a vantagem de ser encontrado na natureza
num isótopo adequado (evitando que tenha de passar por um processo de
enriquecimento). O combustível feito à base de tório pode ser igualmente
utilizado como uma mistura de sais fundidos.
A fissão nuclear do tório ocorre quando os átomos deste absorvem um neutrão
de modo a tornarem-se mais pesados, decaindo rapidamente para um isótopo do
protactínio e depois para um isótopo do urânio, que é dividido ao ser atingido
por um neutrão extra. O número de neutrões gerados não é suficiente para uma
reação sustentada, por isso um acelerador de partículas pode ser utilizado para
produzir os neutrões necessários à fissão do tório, e um reator nuclear que
utilizasse uma fonte externa deste tipo seria designado pelo sistema
acionado por acelerador (ADS, do inglês accelerator drivem system).
O conceito de ADS é atribuído a Carlo Rubbia do CERN, o co-vencedor do Prémio
Nobel da Física em 1984. Um reator deste género seria consideravelmente menor
que outros tipos de reatores, e se o acelerador fosse desligado poria fim à
reação nuclear. Mas é preciso destacar que isto não evitaria o calor produzido
pelo decaimento dos materiais radioativos e continuariam a ser necessários
sistemas de refrigeração.
O tório consegue criar muito mais energia com a mesma quantidade de
material comparativamente ao urânio. Tanto é que Rubbia declarou que uma
tonelada de tório consegue produzir a mesma energia que duzentas toneladas de
urânio.
Embora o tório tenha já sido usado em reatores experimentais, os reatores
abastecidos de forma exclusiva por tório não são ainda uma realidade. Países
como a Rússia, a Índia ou a China estão atualmente a investir no
desenvolvimento deste tipo de equipamento.
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